O surgimento da
farmácia remete aos primórdios da existência do homem. Porém, para chegar a
essa farmácia como hoje conhecemos, foi percorrido um longo caminho em busca da
saúde, tendo sempre o medicamento como centro de seu significado. Estudiosos
afirmam que o homem antigo começou seu aprendizado sobre fármacos de maneira
instintiva, observando aves e animais, utilizando folhas, lama e água fria,
aprendendo, por tentativa, o que lhe servia melhor e posteriormente, passando
esse conhecimento (BENDER, 1965).
O
Egito e a Mesopotâmia foram as civilizações com maior importância para a
história ocidental da farmácia, de onde são originadas as fontes escritas
médico-farmacêuticas mais antigas. Segundo a Sociedade Brasileira de Farmácia
Comunitária uma tabuina sumérica (tabela de argila), achada em Nippur, contendo
15 receitas terapêuticas e datada de 2100 a.C., é o documento farmacêutico mais
antigo conhecido. Já o papiro mais importante é o de Ebers, escrito por volta
de 1500 a.C. e voltado para estudantes da área, o documento possui mais de 800
prescrições e 7.000 substâncias medicinais. As primeiras substâncias
consideradas remédios foram alguns óleos e resinas produzidos na antiguidade
por alquimistas que buscavam o elixir da vida.
Botica |
Os
assírio-babilônicos acreditavam que os todos os eventos estavam subordinados a
vontade de deuses, e com a doença não era diferente. Assim, o indivíduo que
exercia a função de farmacêutico era o mesmo que exercia a do médico e do guia
espiritual. Ainda no tempo antigo, o grego e filósofo Hipócrates, que detinha
uma formação médica básica, sistematizou os medicamentos em grupos,
separando-os em narcóticos, febrífugos e purgantes, marcando assim, uma nova
era para a cura. Outro filósofo importantíssimo na área farmacêutica foi
Galeno, que muito escreveu sobre o assunto e transformou a teoria da patologia
humoral em uma teoria sistemática e racional, chegando a ser considerado o
‘’Pai da Farmácia’’.
Muitas
décadas depois os farmacêuticos continuavam sendo os médicos, porém, desligados
de funções religiosas, e possuíam o material de trabalho chamado botica, uma
caixa de madeira onde se levavam os remédios. A partir do século X, surgem as
boticas ou apotecas, uma espécie de farmácia antiga, ligadas geralmente aos
conventos da França e Espanha. Posteriormente, paralelo ao aprimoramento do
ensino universitário da medicina, o comércio de especiarias crescia atrelado ao
comércio de drogas. Com o tempo, os especieiros foram se aperfeiçoando no
preparo de medicamentos ao passo que os médicos ganhavam mais notabilidade
social e abandonavam as funções manuais. Assim, por volta do século XI, os
boticários foram se espalhando pela Europa e, ao passo que a medicina dogmática
se separava da cirúrgica, a farmácia se distanciava também dessa profissão,
tendo uma formação de aprendizagem com um mestre, e não em universidades (DIAS,
2005).
O
primeiro caso de separação legal das profissões foi na França em 1162, e mais
tarde em 1240, o Édito de Melfi reafirma a obrigatoriedade do ensino superior
para medicina e proíbe a associação entre médicos e farmacêuticos. Este Édito
determinava que os farmacêuticos deveriam fornecer medicamentos de acordo com
as receitas médicas e especificava também a necessidade no controle dos preços
dos fármacos e da inspeção dessa profissão. Essas normas foram sendo adotadas
por toda Europa progressivamente (DIAS, 2005).
REFERÊNCIAS:
DIAS, José Pedro Souza. A
Farmácia e a História. In: MENEZES, Ricardo Fernandes de (Org.). Da História da
Farmácia e dos Medicamentos. Lisboa: Faculdade de Farmácia da Universidade de
Lisboa, 2005. p 5 - 39. Disponível em:
<http://www.farmacia.ufrj.br/consumo/leituras/lm_historiafarmaciamed.pdf>.
Acesso em: 19 mar. 2016.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA
COMUNITÁRIA. História da Farmácia. Disponível em:
<http://www.sbfc.org.br/site/paginas.php?id=2>.
Acesso em: 19 mar. 2016.
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